Por Carla Alves
Preocupa-me imenso esta forma de pensar ou não pensar, de como somos todos, repito ”SOMOS TODOS” responsáveis por esta falta de leitura de olhares e compreensão de comportamentos menos adequados das nossas crianças e jovens.
Preocupa-me a falta de sensibilidade e atenção para uma classe que muitas vezes o problema tem origem onde menos se pensa, onde se diz falta de maturidade quando tudo o que os perturba é principalmente os problemas de gente que se diz autónoma, independente e adulta. São eles que carregam muitas vezes os problemas do seu seio familiar sem abrir a boca, que procuram soluções, quando são invadidos por sentimentos de impotência.
São estas crianças que vivem à margem de pais toxicodependentes, alcoólatras, sem habitação, doentes, com cargas horárias excessivas para permitir viver com o mínimo de dignidade no meio de uma sociedade que as marcas são a relevância do dia a dia.
Como exigir de um deles o hábito de leitura diária, se os próprios muitas vezes nem sabem se quando voltarem da escola ainda tem o seu lar… como pedir boas notas, se nem sabem onde vão dormir… como pedir bons comportamentos se aquilo que se chama de “vida normal e estável” muitos nem o significado da frase sabem?
Como podemos fazê-los acreditar numa sociedade que já desde cedo os coloca de lado, quando os serviços são os mínimos, os recursos sempre escassos e oportunidades nem vê-las?
Somos nós, que apontamos o dedo aos comportamentos dos outros sem ponderar os nossos, que acusamos sem saber a real situação, que continuamos a acreditar que todos temos as mesmas oportunidades e que tudo não passa de uma grande falta de vontade.
Acordem, acordem enquanto podemos mudar alguma coisa.
Não somos todos iguais não para uma sociedade doente, mas todos temos obrigação de lhes dar o nosso melhor. ◼️
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