Voto de pesar 01/099 – Nicolau Breyner

Agendado: 99ª reunião, 15 de Março de 2016
Debatido e votado: 15 de Março de 2016
Resultado da Votação: aprovado por unanimidade
Passou a Deliberação: 86/AML/2016
Publicação em BM: 3º Suplemento ao BM nº 1152

Voto
A morte repentina de Nicolau Breyner, aos 75 anos de idade, provocou uma grandecomoção comoção em todo o país. Actor inteligente e popular, alentejano orgulhoso da sua origem, dotado de grande criatividade e de um enorme carisma, Nicolau percorreu todas as etapas de uma carreira teatral e cinematográfica, desde actor a encenador, director de actores, produtor e realizador. Entusiasta empedernido, gostava de partilhar o seu talento com sucessivas gerações de actores que viam nele, não apenas um mestre, mas muitas vezes uma figura paternal. Ultimamente tinha criado uma escola de actores, porque acreditava no talento dos mais novos, a quem sempre incentivou.
A sua preenchida carreira e actividade artística não o impediam de se envolver nos combates cívicos, de que o mais expressivo terá sido a candidatura à Câmara de Serpa, como independente, nas listas do CDS, em 1993.
Nos programas televisivos a que começou a dar corpo, logo após o 25 de Abril, e que ficaram na memória dos portugueses, como a rábula da dupla “Sr. Feliz e Sr. Contente”, em que contracenava com Herman José, deixou correr a sua veia satírica sobre as várias peripécias políticas e sociais que espelhavam um país em profunda mudança. Gostava de rir e de fazer rir, mas a sua imensa ternura podia provocar lágrimas no meio do riso.
Em 1982, foi como actor, co-guionista e director de actores que se envolveu na primeira telenovela portuguesa, Vila Faia. Desde então nunca mais largou a ficção televisiva, de cuja evolução se tornou figura proeminente.
Ao longo da sua carreira somou quase 50 participações no cinema, em filmes de cineastas de diversas gerações, entre os quais Luís Galvão Teles, Fernando Lopes, António Pedro Vasconcelos, Leonel Vieira, Mário Barroso e João Botelho, tendo recebido três Globos de Ouro para Melhor Ator pelas suas participações em Kiss Me (2004), O Milagre Segundo Salomé (2004) e Os Imortais (2003). Em 2005 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Mérito.
Generoso e de coração aberto, Nicolau deixa saudades e um enorme vazio, não só entre os colegas, amigos e família, mas também em todos os públicos que tocou, sobretudo através do pequeno écran. Com a sua morte, todos nós, de uma maneira ou de outra, perdemos alguém.
A Assembleia Municipal de Lisboa envia as suas condolências à família e presta-lhe uma última homenagem, aprovando este voto de pesar.

Lisboa, 15 de março de 2016

A Presidente

Helena Roseta