Agendado: 64ª reunião, 21 de Abril de 2015
Debatido e votado: 21 de Abril de 2015
Resultado da Votação:Aprovado por unanimidade
Nota: Subscrito pelos Grupos Municipais do PS, PAN, PNPN e Deputados Municipais Independentes
Consultar voto em PDF anexo
Passou a Deliberação: 90c/AML/2015
Publicação em BM: 4.º Supl. ao BM 1105
Ana Vicente, uma cidadã exemplar
Nascida em 1943, filha de mãe inglesa e pai português, foi professora e tradutora no início da carreira, e depois do 25 de Abril trabalhou na Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, instituição da qual foi presidente entre 1992 e 1996.
Esteve também ligada ao Programa Nacional de Combate à Droga, Projecto VIDA, e trabalhou nos gabinetes de Maria de Lourdes Pintassilgo e de Maria Leonor Beleza. Foi consultora do Fundo das Nações Unidas para a População e membro do Movimento Internacional “Nós Somos Igreja”.
Publicou vários livros, entre os quais Arcádia – Notícia de uma Família Anglo-Portuguesa (2006) no qual contou a história da sua família, As Mulheres em Portugal na Transição do Milénio (1998); As Mulheres Portuguesas vistas por Viajantes Estrangeiros, sec. XVIII, XIX e XX (2000 e 2001); Ser Igreja ,organizado em conjunto com Leonor Xavier (2007). Foi também autora de livros infantis: O H Perdeu uma Perna; Para que serve o Zero?; Onde está o Mi?; Onde acaba o Arco-Íris?; Como passa o Tempo?, todos com ilustrações de Madalena Matoso (entre 2005 e 2008).
Foi uma grande defensora dos direitos das mulheres. Como afirmou ao Público em 2013, considerava que “Não há um feminismo, há feminismos. (…) A minha definição é muito alargada. Significa um movimento social, talvez dos mais importantes do século XX, porque transformou, e está a transformar, as relações entre as pessoas de uma forma profunda. Os feminismos são uma caminhada importantíssima e baseada numa justiça que o ser humano busca desde sempre: a da igualdade. A de as pessoas serem consideradas porque são pessoas e não porque são mulheres ou homens.”
Encarou com muita coragem a doença de que veio a falecer. Nessa mesma entrevista, afirmou: “Tenho fé, mas sei que quem a não tem pode ter as mesmas experiências que eu: encarar a mortalidade mais ou menos próxima, ninguém sabe, com naturalidade, e desfrutar de novas amizades que se podem encontrar, inclusive, entre os profissionais de saúde que frequentemente nos circundam”.
A Assembleia Municipal reunida em 21de Abril de 2015 delibera homenagear a cidadã exemplar que foi Ana Vicente, aprovando um voto de pesar pelo seu falecimento, e expressar os seus pêsames à família.
Lisboa, 21 de Abril de 2015
A Presidente da Assembleia Municipal
Helena Roseta