As águas foram exploradas nos chamados “Banhos”, pequenos estabelecimentos termais, ainda em funcionamento durante as primeiras décadas do século passado, um deles mantendo-se até mais tarde, no caso das Alcaçarias do Duque, persistindo até 1978, altura em que foram declaradas irremediavelmente inquinadas e abandonadas.
Considerando que há vestígios físicos que podem servir de memória, como o depósito, o piso de cave do edifício contíguo e o piso térreo das Alcaçarias do Duque, e que estes e outros edifícios em que se situavam as termas foram sofrendo alterações, fundamentalmente adaptadas aos usos que se lhes foi dando, encontrando-se actualmente seladas as nascentes, e sendo a água actualmente aduzida para o rio Tejo em condutas de localização desconhecida;
Considerando que o significado histórico e patrimonial que envolve estas águas poderá justificar a promoção do seu aproveitamento bem como a criação de um espaço de memória, uma vez que representariam um testemunho da vivência tradicional do bairro de Alfama, e que, por outro lado, o aproveitamento geotérmico das águas potenciaria a valorização de um recurso endógeno;
Considerando o Protocolo de Cooperação entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Instituto Geológico e Mineiro, assinado 27 de Novembro de 2002;
Considerando que as águas termais de Alfama foram recentemente incluídas em sede de revisão de PDM;
Propomos que ao abrigo das suas competências descritas nos termos das alíneas q) e s) do ponto 1, e l) e m) do ponto 2 do artigo 64º do artigo 64º da Lei 169/91 de 18 de Setembro, na redacção em vigor conferida pela Lei 5-A/2002, de 11 de Janeiro, a Câmara delibere,
1.Iniciar os procedimentos necessários à abertura de processo de classificação do património físico associado às águas termais de Alfama como Imóvel de Interesse Municipal, delimitando fisicamente um espaço de memória na zona compreendida entre o Largo das Alcaçarias (antiga Fonte das Ratas), a Travessa do Terreiro do Trigo, Nº 1 – R/C, e a Rua do Terreiro do Trigo, Nº 66 – R/C.
2.No âmbito do protocolo assinado com o antigo Instituto Geológico e Mineiro, e em sintonia com a Direcção-Geral de Saúde, promover, tão breve quanto possível, uma análise laboratorial e de viabilidade técnica às águas termais de Alfama.
3.Que, em consequência, e considerando a existência de aquíferos e cisternas na zona envolvente às antigas alcaçarias, designadamente sob o Largo de São João da Praça e junto ao Chafariz d’El-Rei, os serviços competentes da CML, em diálogo com as Juntas de Freguesia e respectivas populações envolvidas, dêem início aos procedimentos conducentes à elaboração de um projecto de reabilitação das águas termais de Alfama, e, por via de concurso público, seja promovida a sua exploração comercial e turística, possibilitando a criação de um “Percurso do Ciclo da Água”, que compreenderia também a abertura ao público das cisternas acima referidas.